Powered By Blogger

19 abril, 2011

Tratamento sem quimioterapia ou radioterapia

A cura da carcinomatose é desconhecida e atualmente não há muito avanço na medicina neste sentido (infelizmente não há muito interesse da mecidina pela pesquisa da cura do tumor em estágio tão avançado). Por esta razão, muitos médicos dão a opção de não submeter o paciente a tratamentos muito evasivos, como a quimioterapia e a radioterapia, e oferecem tratamentos para diminuir o sofrimento do paciente - os chamados tratamentos paliativos.


Lembro que, no caso da carcinomatose meníngea, a quimioterapia e a radioterapia também são tratamentos considerados paliativos, que tem missão de aumentar a sobrevida do paciente, e que muitas vezes podem sim trazer muitos desconfortos. Vejam, principalmente no item da RADIOTERAPIA, onde descrevo inúmeros efeitos colaterais.


A opção por um tratamento ou outro depende muito do caso concreto, do histórico do paciente e principalmente do estado do paciente. Assim, é muito importante conversar bastante com os médicos, pedir diversas opiniões, questionar sobre medicamentos (em todo o blog é possível encontrar vários tratamentos e medicamentos), conversar muito com os familiares próximos, e, se for possível, com o próprio paciente.


Logo abaixo, coloco o depoimento do Alessandro, cuja mãe foi diagnosticada com carcinomatose meníngea, e que otpou por um tratamento sem quimioterapia/radioterapia:


Estamos fazendo tratamento paliativo. Começamos com altas doses de Decadron e analgesia com Tramadol. Ela ficou uns 3 meses sem sentir dor nenhuma, mas desde o mês passado as dores voltaram, mas de uma forma estranha. Dói quando ela se movimenta. Hoje ela não caminha mais, apesar de ter força física, o movimento causa convulções nela.

O que melhorou muito foi a confusão. hoje ela já consegue usar o computador, celular normalmente, coisas que ela tinha perdido a capacidade.

Estamos administrando o Tarceva. Já ouviu falar deste medicamento? Ele não possibilita cura, mas pode ajudar na qualidade de vida de determinados pacientes. Não são todos os casos que o medicamento consegue penetrar no sistema nervoso, porém, quando consegue trás benefícios.

No mais, estamos sempre com ela, tentando tornar sua vida a mais agradável possível. Quando ela não tem dor, durmo tranquilo.

Abraço,

Alessandro.

15 abril, 2011

Caso Mário Covas

Fonte: Revista Época

Edição 140 22/01/2001
SAÚDE
Sofrimento anunciado
A conduta de Covas, ao expor sua doença, tangencia os limites da privacidade de um homem público
Poucas vezes um político expôs a luta pessoal contra uma doença grave de modo tão escancarado como fez o governador Mário Covas. Um raro antecedente está no caso do ex-ministro da Fazenda Dilson Funaro (1933-1989), artífice do Plano Cruzado. Em 1986, ele enfrentou a reincidência de um câncer linfático no exercício do cargo. O comportamento-padrão na política brasileira é outro. Em 1985, o presidente eleito Tancredo Neves morreria sem assumir o cargo, após um calvário de 38 dias. Fora submetido na véspera da posse a uma cirurgia para extirpar uma suposta diverticulite. Era um tumor no intestino, que ocultara durante meses.
A transparência de Covas permeia um longo histórico de internações. Teve início em 1986, quando era candidato a senador e sofreu um enfarte. A cirurgia cardíaca não despertou o interesse de agora, mas foi divulgada abertamente. A mesma estratégia – tratar tudo às claras – foi novamente utilizada quando se descobriu, em novembro de 1998, um tumor maligno na bexiga. A gravidade da doença foi apresentada sem eufemismos. Tratava-se de um câncer altamente agressivo, com 70% de probabilidade de voltar a atacar mortalmente o organismo. Mas havia esperança: o nódulo estava restrito à bexiga. Com a remoção do órgão, manteve-se a possibilidade de cura, o que encheu o governador de otimismo e tornou mais leve o trabalho dos médicos na divulgação da doença e dos tratamentos.
A disposição de lutar publicamente produziu episódios contristadores desde que a moléstia ressurgiu, em novembro. A erosão física do paciente, que continuou a participar de atividades oficiais, ampliou a demanda de informações sobre seu estado. Os médicos que o atendem acabaram falando mais que o planejado. “Em princípio, não acho certo esconder o estado de saúde de uma pessoa pública, mas me recuso a expor minúcias da vida privada”, pondera o gastroenterologista Raul Cutait, da equipe médica. Cutait acredita que os médicos devem abster-se de revelar intimidades – por exemplo, os momentos em que o paciente sentiu dor, chorou ou caiu. No caso de Covas, isso não dependia da vontade dos especialistas. Ele chorou em público, não camuflou expressões de dor e, numa cerimônia oficial realizada no dia 17, precisou ser amparado por assessores para não cair.
Manuais de ética informam que a relação entre médico e paciente é protegida por sigilo. Quando o doente é um homem público, a saúde torna-se assunto de interesse coletivo. Nos Estados Unidos, os presidentes submetem-se a exames anuais, cujos resultados são apresentados à sociedade. Na semana passada, soube-se que Bill Clinton teve um tipo de tumor de pele sem gravidade. O ex-presidente Ronald Reagan enfrentou abertamente um câncer no intestino e ajudou a diminuir o estigma da doença. Num exemplo oposto, o presidente François Mitterrand governou a França por 14 anos escondendo a metástase de um tumor de próstata. Nos obituários dos jornais franceses, morrer de câncer ainda é um tabu inviolável. A causa de morte é a genérica “longa enfermidade”.
A equipe médica de Covas cometeu deslizes. No dia 22 de novembro, o governador submeteu-se a uma cirurgia para remover tumores no reto e no intestino. Em entrevista concedida depois da operação, os cirurgiões deixaram escapar uma palavra que não havia ressoado nos ouvidos do paciente: metástase. Temido pelas vítimas da doença, o termo designa o momento em que o câncer, até então restrito, lança sementes na corrente sanguínea e invade outras regiões do corpo. Covas sabia o que os médicos haviam encontrado. Mas ficou chocado ao ler a palavra nos jornais.
Outra confusão aconteceu no dia 15. O boletim que anunciaria a metástase no cérebro devia ser divulgado à tarde. A notícia vazou de manhã, quando o governador participava de um compromisso oficial. Ele soube do que ocorrera pelos jornalistas. Só estaria com os médicos na hora do almoço. Depois do incidente, a equipe tentou evitar mais uma entrevista coletiva. Rendeu-se por insistência do paciente. “O que o senhor quer que eu conte?”, indagou o oncologista Ricardo Brentani. “Fale o que o senhor acha que deve falar”, respondeu Covas. “Não quero falar nada. O boletim já diz tudo”, retrucou Brentani.
David Uip, médico particular de Covas há 15 anos, recebeu críticas pela forma atabalhoada que marcou a divulgação de algumas informações. “Sempre me limitei a falar o que foi autorizado pelo governador”, defende-se. Depois da cirurgia realizada em novembro, os médicos sabiam que as sementes de metástase poderiam dar origem a outros tumores. Tentaram um novo tratamento, a imunoterapia, técnica experimental para estimular o organismo a reagir ao câncer. Há duas semanas, o governador recebeu as primeiras doses das drogas. Em seguida, ele apresentou dores de cabeça, dificuldades de fala e de locomoção. Não eram efeitos do remédio, mas sintomas de uma rara forma de metástase – a carcinomatose meníngea. O mal ataca menos de 1% dos pacientes que tiveram tumor de bexiga.
Células cancerosas proliferaram em grande quantidade na meninge, membrana que reveste o cérebro e a medula espinhal. Essas células flutuam no liquor, líquido que preenche a meninge. O crescimento das células pode entupir minúsculas aberturas da membrana. Com a obstrução, o liquor se acumula em cavidades e passa a pressionar o cérebro. No caso de Covas, afetou-lhe a capacidade de se expressar e travou-lhe os passos. A doença provoca ainda a falência gradual do cérebro. A depender das regiões afetadas, o paciente pode ter lapsos de memória, problemas motores ou convulsões.
Na manhã da quinta-feira, Covas internou-se no Instituto do Coração e antecipou o início de um novo tratamento quimioterápico. O medicamento, injetado na meninge por meio de uma agulha, é o Metotrexate. Busca deter a proliferação das células malignas e aliviar a pressão no cérebro. Como é aplicado diretamente na região atingida, não provoca efeitos como queda de cabelo e enjôos, típicos da quimioterapia tradicional. A literatura médica informa que o tratamento raramente consegue produzir períodos de sobrevida superiores a um ano. Se Covas reagir a contento, terá ao menos a chance de cumprir sua sina de guerreiro sem sentir tantas dores.
Alexandre Mansur e Fabrício Marques

Tratamento com Citarabina

A citarabina é adequada para o uso intratecal visto que a sua principal via de metabolismo, a conversão em uracil-arabinosídeo pela citidinadeaminase, não ocorre no espaço sub-aracnóideo. Entretanto a citarabina não possui atividade contra a maioria dos tumores sólidos, sendo utilizada principalmente nas leucemias e nas infiltrações meníngeas pelos linfomas. A citarabina de liberação sustentada foi recentemente aprovada para uso em pacientes com meningite linfomatosa e possui como principal vantagem manter níveis terapêuticos da droga no líquor por mais de 14 dias após uma dose única de 50mg. Glantz et al reportaram os resultados de um estudo randomizado comparando o uso do methotrexate e a citarabina de liberação sustentada, ambas as drogas administradas por via intratecal em pacientes com diagnóstico de meningite neoplásica por tumores sólidos. Neste estudo, a mediana do tempo de progressão neurológica foi significativamente maior no braço tratado com citarabina de liberação sustentada, porém não houve diferença estatisticamente significativa em relação à sobrevida mediana.

Tratamento com Thiopeta

Fonte: http://www.inca.gov.br/rbc/n_49/v04/pdf/revisao3.pdf


O thiopeta é um agente alquilante rapidamente metabolizado após a administração intratecal. No tratamento da carcinomatose meníngea, o thiotepa é administrado na dose de 10mg3 e geralmente é utilizado nos pacientes que não toleram o methotrexate ou que não respondem ao tratamento inicial. Estudo randomizado e prospectivo comparando a administração intraventricular do methotrexate e thiotepa em pacientes com diagnóstico de meningite neoplásica sem história de tratamento prévio não observou diferença na eficácia entre os dois regimes.
A sobrevida mediana nos pacientes que receberam methotrexate foi de 15,9 semanas e naqueles tratados com thiopeta foi de 14,1 semanas. A toxicidade foi semelhante nos dois grupos, porém os pacientes que fizeram uso do methotrexate apresentaram maior incidência de neurotoxicidade.

Tratamento com Methotrexate

A grande maioria dos estudos que encontrei através do google, e também todos os médicos com os quais conversei indicam o quimioterápico Methotrexate (MTX) para a quimioterapia intratecal em pacientes com carcinomatose meníngea.

No caso de minha mãe, a quimioterapia intratecal foi feita com o MTX, uma dose de Decadron e após a quimioterapia, minha mãe ingeria 3 comprimidos (cada um com um determinado intervalo de tempo) de Leucovarin (ácido folínico), que tira a toxidade do MTX. Tive muita dificuldade em encontrar o Leucovarin. No caso, liguei para o hospital e eles gentilmente compravam o remédio para nós.

Seguem algumas informações sobre o MTX, também com colaboração da Denise:

Fonte: NCI

The most common chemotherapy agent used to treat leptomeningeal metastasis is methotrexate (MTX). For more information about methotrexate, including possible uses and side effects, you may wish to access the resources linked below:
DailyMed-Methotrexate:
MedlinePlus-Methotrexate:
====================================================


Entre os medicamentos disponíveis para o uso intraventricular o methotrexate é o mais utilizado.
A concentração do methotrexate de 1x10-6mol/L é considerada como terapêutica na maioria dos estudos, e pode persistir por até 48 horas após administração da droga.
O methotrexate que não é metabolizado no sistema nervoso central, atinge a circulação sistêmica através do plexo coróide, podendo provocar neutropenia e mucosite em alguns pacientes. O ácido folínico administrado por via oral pode reduzir a toxicidade sistêmica do methotrexate sem comprometer a sua eficácia.
O methotrexate geralmente é administrado na dose de 12mg duas vezes por semana no total de 8 doses seguido de uma dose semanal por quatro semanas e posteriormente uma dose de manutenção mensal.
Entretanto, não existem estudos randomizados comparando a terapia em bolus semanal com o esquema de tratamento utilizando a relação concentração/tempo descrita por Chamberlain. Em um estudo retrospectivo, Fizazi et al. demonstraram que o aumento da dose de methotrexate pode se traduzir em maior taxa de resposta,contudo, a literatura carece de estudos randomizados comparando as várias doses utilizadas. Hitchins et al., em um estudo prospectivo e randomizado com 44 pacientes, comparou a terapia intratecal utilizando o methotrexate como droga isolada com a combinação de citarabina mais methotrexate. A taxa de resposta global foi de 55% e a sobrevida mediana de 8 semanas, não havendo diferença significativa entre os dois braços.

Formas de Tratamento: Informações sobre o medicamento Letrozole

Em 07/04/11 a Denise, que está com uma tia recentemente diagnosticada com carcinomatose meníngea decorrente de um câncer de pulmão, compartilhou conosco a resposta que obteve do National Cancer Institute sobre o mecidamento Letrozole.
Basicamente, o NCI informa que o Letrozole é indicado para tratamento de câncer de mama.
Como sempre, sugerimos que questionem a equipe médica quanto à possibilidade de uso deste medicamento e de muitos outros, e informem sobre a resposta obtida.
Segue informação:

This is in response to your e-mail to the National Cancer Institute’s (NCI) Web site, www.cancer.gov, regarding your request for information about the use of letrozole.
This must be a difficult time for you and we hope you will find our information helpful.

The NCI’s resources contain information about the indications of use for letrozole.
You will see in the resources linked below that the drug information summaries for letrozole do not indicate that it may be used with intrathecal methotrexate for neoplastic meningitis due to neuroendocrine lung cancer spread.

Letrozole is a type of hormone therapy that causes a decrease in the amount of estrogen made by the body.
Letrozole is approved by the Food and Drug Administration (FDA) in the United States to only be used in women with breast cancer, however the primary treatment for neoplastic meningitis is intrathecal chemotherapy. You may wish to speak with her pharmacist or doctor regarding your interest in using this medication for her situation.
DailyMed-Femara (letrozole) 
The following resource is from MedlinePlus which is a service of the National Library of Medicine and the National Institutes of Health. This resource contains additional information about letrozole.
MedlinePlus-Letrozole
 

07 abril, 2011

National Cancer Institute- NCI

Fiz algumas perguntas ao NCI, e compatilho com todos!
Abraços!

You shared in your e-mail that your mother has meningeal carcinomatosis. The NCI dictionary of cancer terms describes this as a serious problem that may occur in cancer in which cancer cells spread from the original (primary) tumor to the meninges (thin layers of tissue that cover and protect the brain and spinal cord). Here is a link to this definition:

NCI Dictionary of Cancer Terms: Meningeal Carcinomatosis
http://www.cancer.gov/dictionary?CdrID=639507

According to a textbook of the NCI’s Cancer Information Service (CIS) titled, Manual of Clinical Oncology by D.A. Casciato, intrathecal chemotherapy and palliative radiation are among treatment options in the United States for cancer that has spread to the meninges. We apologize that we do not have this text in electronic format and are unable to provide a link to this resource.

Your e-mail also mentions that the doctors have not identified where your mother’s cancer began. When cancer has spread to other places in the body and cannot be cured or controlled with treatment, it is called advanced cancer. With advanced cancer, doctors will often focus on palliative therapy, treatment given to relieve symptoms and reduce suffering. It is unclear if your mother may have advanced cancer, however it sounds like the doctors may be focusing on palliative care for your mother: she received palliative radiotherapy, and they are actively trying to manage her infections. It may be helpful to clarify with the doctors if they consider her cancer to be advanced. The following resource describes the role of palliative care in cancer treatment:

Palliative Care in Cancer
 http://www.cancer.gov/cancertopics/factsheet/Support/palliative-care

The NCI publication below provides information for caregivers of loved ones with advanced cancer that is no longer responding to treatment. It explores many of the questions and crossroads caregivers may face.

When Someone You Love Has Advanced Cancer: Support for Caregivers
 http://www.cancer.gov/cancertopics/When-Someone-You-Love-Has-Advanced-Cancer/allpages

The following NCI resource provides information for the patient herself. It focuses on persons for whom a cure or long-term remission is no longer likely. It discusses end stage cancer, treatment options such as palliative care, clinical trials, hospice care and home care, as well as symptom control. It also addresses emotional concerns including feelings, communicating with friends and family, and living the rest of life to its fullest and with meaning. Although it is designed for Americans, your mother may find the information helpful.

Coping with Advanced Cancer
 http://www.cancer.gov/cancertopics/advancedcancer/allpages
For further information, you may wish to contact an organization in Brazil that offers information services. The International Cancer Information Service Group (ICISG) aims to provide high quality cancer information services and resources on all aspects of cancer, for those concerned or affected by cancer throughout the world. The link below will direct you to contact information for member organizations of the ICISG, such as the Associacao Nacional de Informacao e Apoio sobre Cancer de Mama:

International Cancer Information Service Group
 http://www.icisg.org/meet_memberslist.htm#fBrazil

The International Union Against Cancer (UICC) consists of international cancer-related organizations devoted to the worldwide fight against cancer. These organizations serve as resources for the public and may have helpful information about cancer, treatment facilities, and financial assistance. You can find organizations such as the Federacao Brasileira de Instituicoes Filantropicas de Apoio a Saude da Mama, the Fundacao do Cancer, Brazil, and the Instituto Brasileiro de Controle do Cancer listed in the link below:

International Union Against Cancer Membership
 http://www.uicc.org/membership/list