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29 março, 2011

Após a radioterapia

Como mencionado anteriormente, embora a radioterapia tenha incontáveis e indesejáveis efeitos colaterais, ela trouxe melhor qualidade de vida a minha mãe, principalmente pelas dores e náuseas terem passado. Demorou um pouco para minha mãe ter alta tendo em vista o tempo para tratar os efeitos colaterais. Foi só um pouco antes do natal que minha mãe teve alta e passamos o natal e ano novo em casa com serviço home care - equipamentos hospitlares em casa e enfermeiros em casa.

Logo após o ano novo minha mãe começou a ter febre, tremedeira, e rigidez. Parando inclusive de falar. Fomos imediatamente ao hospital onde ela ficou uns dias na UTI. Foi constatado que minha mãe pegou uma infecção. Para os pacientes que possuem sistema imunológico baixo, as infecções são muito fortes.

Depois disso, inúmeras foram as infecções e internações, e hoje, dia 29/03, a situação permanece igual. Não teve melhora mas, graças a Deus, ela também não piorou tanto. Devido as inúmeras internacões e infeccções, minha mãe foi ficando mais fraca. Hoje, ela não consegue mais andar, continua confusa, continua com diplopia, com dificuldade de movimentar os braços e mãos, entre outros. Claro que isso não se deve somente às infecções, mas muito se deve à própria doença, que infelizmente está

O exame do líquor continua sendo feito e graças a Deus não houve piora. Também não apareceu mais nenhuma metástase, e as lesões encontradas na cabeça diminuiram com a radioterapia, e até agora não aumentaram.

24 março, 2011

Algumas Histórias

Durante as sessões conheci muitos pacientes e é normal que ao conversarmos o assunto se restrinja à doença de cada um. Vi que poucos eram os pacientes que precisavam fazer a radioterapia estando internados; muitos levavam vidas normais, trabalhavam, estudavam... Surpreendi-me com algumas histórias, tanto no ambiente do hospital, como na radioterapia é normal que os paciente espontanemente relatem suas doenças e experiências:
Um delas é de uma mulher de aproximados 40 anos, de cabelos curtos e muito sorridente. Qdo me viu ela logo abriu um sorriso e puxou assunto. Ela teve linfoma há alguns anos, fez quimioterapia, radioterapia, ficou isolada 6 meses em  um hospital e naquele momento, estava fazendo radioterapia de controle. O que me impressionou é que ela ia para radioterapia sozinha, após um longo dia de trabalho. Achei ótimo ver que muitas pessoas encaram a doença numa boa, sem deixar de abater.
O caso e minha mãe é bem diferente, a carcinomatose meníngea é uma complicação grave do câncer, que já está em fase de metástase. A doença é extremamente agressiva e priva o paciente de muitas coisas. Por maior força de vontade que existe no mundo, e minha mãe tem a maior força de vontade divida, a doença é cruel e limita qualquer esforço.
Outra história que me comovi demais foi de uma criança com linfoma. O garotinho de aproximadamente 6/7 anos chegou sorridente acompanhado pelos pais, com um brinquedo nas mãos, vestido com o uniforme do colégio. Mais uma vez as pessoas começaram a falar espontaneamente sobre a doença e como a criança a encarou. Os pais relataram que a postura do colégio que o menino estuda foi condição fundamental para a criança se sentir bem em meio à turbulência. O diretor do colégio convocou uma reunião de pais; pedagogos e psicólogos explicaram aos pais a importância de os filhos deles ajudarem o colega que estava doente, ajudando nas aulas que o garoto viesse a perder, compreendendo as mudanças de aparência que inevitavelmente o garoto sofreria, entre outros. A resposta foi tão positiva que os coleguinhas não só apoiaram o garoto, incentivando-o, como tb o protegiam de toda a escola e de todo o comentário de outros colegas mais velhos.
Por fim, lembro-me de um senhor que acompanhava todos os dias a esposa, ele estava convicto de que dizendo "PERFEIÇÃO, SUA IMAGEM E SEMELHANÇA" sua esposa receberia boas energias para que pudesse ser curada. Ele aproximou-se de minha mãe, colocando sua mão na fronte dele e disse essas palavras com toda a convicção e bondade do mundo.
Cada um tem sua crença e respeito a todas elas, o que mais me comove é a solidariedade entre as pessoas. Todos os pacientes, sem exceção, têm um olhar terno, solidário e apesar da aparência de fraqueza, demonstravam muita força.

Radioterapia (Novembro e Dezembro)



Encontradas as metástases cerebrais decidiu-se pela radioterapia paliativa com o intuito de melhorar os sintomas que minha mãe vinha sentido. Após irmos a duas clínicas, e após algumas brigas como Convênio optamos pelo Cepro, que fica na região da Bela Vista.
Marcamos uma consulta com o radiologista que indicou uma dose baixa de radioterapia, na cervical, lombar e crânio, durante 25 sessões.
Nesta mesma consulta foi feita uma máscara para minha mãe (uma espécie de capacete para fixar bem a cabeça).
A radioterapia foi feita enquanto minha mãe estava internada, e infelizmente o hospital não dispunha do equipamento, por isso, íamos todos os dias de ambulância do hospital para o Cepro, e então retornávamos. As sessões eram rápidas mas a ida e vinda eram muito cansativas, fora que a cada 5 sessões tínhamos que obter autorização do convênio - É triste que nos momentos em que mais precisamos temos que discutir com convênios médicos.
Aos poucos os efeitos colaterais da radioterapia foram aparecendo, entre eles destaco:
1- Queimaduras: Minha mãe tem a pela muito sensível, o que lhe rendeu algumas queimaduras. Na região na testa ela parecia bronzeada, mas com uma cor muito escura; no colo, a pela ficou tão sensível que ficou em carne viva, assim como na nuca, local onde se formou uma gde ferida; e nas costas dava pra ver a marca de onde passou a radiação. A pior delas, no entanto, foi na garganta e esôfago. O incômodo e dores eram tamanhos que minha mãe não conseguiu mais comer, foi introduzida uma sonda nasal.
(Vale a pena conservar com os médicos antes de fazer a radioterapia pois existem cremes oncológicos que previnem ou amenizam as queimaduras)
(Vale ressaltar que queimaduras tão profundas não são comuns, todos os médicos, sem exceção, afirmaram que minha mãe tem a pela muito sensível)
2- Fraqueza: Durante a radioterapia minha mãe ficou muito fraca, não conseguia mais levantar da cama, ficou bem mal, precisando inclusive de algumas transfusões de sangue.
3- Ressecamento: Junto com os problemas de queimadura na garganta, a radioterapia geralmente deixa a pessoa toda ressecada, em todas as mucosas, o que aumentava mais ainda as dores e desconforto. Muitos pacientes se queixavam disso.
4- Queda de cabelo: a queda de cabelo não é regra na radioterapia, no caso de minha mãe o cabelo caiu por um determinado período, mas depois parou.
Embora todos estes problemas apontados, as dores insuportáveis desapareceram por completo, e apesar de tudo, a radioterapia foi fundamental para o bem estar de minha mãe. Se bem que, ela sofreu muito com a radioterapia, mas o sofrimento causado pelas dores causadas pela inflamação nos nervos era infinitamente maior.
Ao final, como minha mãe estava muito fraca a radioterapia foi interrompida na 20a sessão. Mas os efeitos da radioterapia continuam por um determinado tempo.
Após a radioterapia, minha mãe teve alta para o natal e para o ano novo.

21 março, 2011

Quimioterapia (Outubro)

Após a colocação do cateter as aplicações de quimioterapia foram feitas por lá, o que ajudou muito porque a aplicação via lombar começaram a ficar muito doloridas.

Com o passar do tempo a quantidade de células malignas no líquor foram diminuindo, mas mamãe não melhorava. Por certo tempo a visão dupla melhorou, mas logo as dores relatadas anteriormente só pioraram, acompanhadas de enjôo e dores de cabeça, o que nos levou novamente ao hospital.

Logo no Pronto Socorro foram feitos alguns exames e os médicos encontraram metástases no cérebro, o que justifica os sintomas de minha mãe.

Decidiu-se por suspender a quimioterapia intratecal e iniciar a radioterapia de lombar, cervical e crânio.