Powered By Blogger

04 outubro, 2010

Dores

Bem que o neurologista disse... O prognóstico é ruim. Não só pelo fato de ele dizer que não tem cura, mas muito porque os sintomas da doença são horríveis.
Primeiro as tonturas, falta de equilíbrio, depois a diplopia, e agora fortes dores em uma das pernas, dores fortíssimas, e nós, familiares, ficamos de mãos atadas, dando remédios fortíssimo mas não tão eficazes.
Minha mãe sente dores nas pernas, que começam nos pés e vão irradiando por toda perna, pela lombar. Ela não sabe explicar a dor, se repuxa, se queima, ela não sabe dizer ao certo. O certo é que é insuportável, e nós rezamos todos os dias pra isso passar, do mesmo jeito que desinflamou o nervo dos olhos, esperamos que desinflame o nervo da perna.
Hoje fomos ao hospital, mamãe foi examinada e a médica viu que o pé esquerdo está perdendo força, recomendou fisioterapia. Mudou os medicamentos para dor, e agora temos que esperar estes dias pra ver se os remédios fazem efeito. Eu espero que faça.
Nós, parentes, eu, principalmente, que vivo com ela, estamos muito abalados com tudo. É desesperador ver a mãe da gente gemendo de dor, é como assistir a uma sessão de tortura sem poder fazer absolutamente nada. Mas temos que manter a esperança sempre!

21 setembro, 2010

Cirurgia

Graças a Deus tudo correu bem na cirurgia. Minha mãe ficou uma noite na UTI e no dia seguinte voltou ao quarto. Estava muito confusa, mas os médicos disseram que era efeito da anestesia.

Dois dias depois da cirurgia, no entanto, minha mãe começou a se sentir muito mal, com vômitos, sensação de desmaio... Ficou sem comer por dois dias.
O neurologista dela disse que ela estava com labirintite, causada ou pela quimioterapia (o que não é muito esperado), ou por uma inflamação no nervo da meninge. Ela foi medicada e ficou de repouso por uns dois dias.

Os neurocirurgiões disseram que estava tudo bem com a cirurgia, fizeram tomografia e confirmaram que tudo havia saído bem, e disseram que em aproximadamente em uma semana o cateter poderia ser utilizado.

Estamos ansiosos por isso porque a alta dela depende basicamente da cicatrização da cirurgia.

Passamos dois dias ela melhorou, mas começou a ter dor na perna esquerda. Fez exames e parece ser um início de trombose, mas nada alarmante.

10 setembro, 2010

Tratamento Pós Diagnóstico

Tendo em vista que o suposto tumor primário não foi encontrado, muito embora diversos exames - incluindo o PET-CT, decidiu-se por iniciar a quimioterapia intratecal.

Uma médica injetou a quimioterapia diretamente no líquor, através de uma pulsão lombar. Depois disso, minha mãe teve que ficar na mesma posição por algumas horas, para que o medicamento alcançasse toda a espinha.



Não apareceram sintomas colaterais, o que já era esperado, pois esta quimioterapia é localizada, e não causa sintomas esperados no caso de quimioterapia sintomática, como enjôo, náuseas, queda de cabelo...

Passados dois dias senti que minha mãe estava um pouco pior. Ela estava mais confusa, andava esquecendo os acontecimentos recentes, a visão piorou um pouco...

O médico nos disse que logo no início isso é natural.  A segunda aplicação será amanhã.

Na próxima semana ela será submetida a uma cirurgia para colocação de um cateter no cérebro, bem onde o líquor é fabricado. A quimioterapia será injetada diretamente lá, o que é um pouco mais confortável pra ela e até mais eficaz.

Se tudo correr bem na cirurgia, e se Deus quiser vai correr bem, em aproximadamente 25 dias ela estará em casa. O que mais queremos é que ela vá pra casa...

09 setembro, 2010

Tratamento Anterior ao Diagnóstico

O tratamento inicial, logo após a suspeita da doença, foi com um corticóide, três vezes ao dia.

A alimentação dela durante este tempo foi dieta e hipossódica, o que significa sem açúcar e sem sal. Isto em razão do corticóide, que faz aumentar o índice de glicose, assim como a pressão e minha mãe já era hipertensa.
A melhora foi considerável e imediata, embora permanecessem o desequilíbrio e a visão dupla. Ela ficou bem mais disposta, se alimentava muito bem e tinha ânimo para fazer fisioterapia, conversar...

Depois de três semanas de tratamento a visão começou a melhorar, principalmente pela manhã, mas a melhora foi bem pequena.

Aos poucos a dose da medicação foi diminuída, até que, confirmado o diagnóstico iniciou-se a quimioterapia.


Diagnóstico

O diagnóstico da doença, carcinomatose meníngea com tumor primário desconhecido, nos foi dado após aproximadamente 3 meses desde o início da manifestação da doença.
Em meados de junho minha mãe começou a sentir muita tontura, e cansaço (cansaço ela já sentia há algum tempo) a ponto de não conseguir trabalhar. Foi então que começamos a procurar muitos médicos.
O primeiro lugar que fomos foi ao pronto socorro de um hospital, onde a médica se quer examinou minha mãe e foi logo dizendo que ela estafa.
Mas minha mãe foi piorando, a tontura era tanta que ela ficava só no sofá da sala, grande parte do dia. Fomos a um clínico geral de nossa confiança que logo prescreveu remédio para labirintite, mas depois de procurar um otorrino, a labirintite foi descartada.
Junto a isso, fomos percebendo que um dos olhos estava sempre fechado, isso por que a visão começou a ficar dupla.
Em seguida verificamos que minha mãe estava com dificuldade motora, tendendo sempre para um lado.
Procuramos outro médico, um neurologista, e ele disse que isso tudo era psicológico, que logo iria passar.
Minha mãe começou a ter náuseas, falta de paladar e apetite, e procuramos um gastrologista que pediu alguns exames e recomendou que procurássemos outro neurologista.
Nos exames constataram-se duas ulceras, mas claro que sabíamos que o motivo da doença não era esse.
Fomos a um neurologista conhecido, e ele pediu uma tomografia e uma ressonância de crânio. Na tomografia apareceu uma leve isquemia e achamos que essa era a razão de todos os sintomas.
Mas os sintomas não passaram com os remédios que o neurologista indicou, e para piorar, minha mãe começou a ficar muito confusa.
Em um dia de muito mal estar fomos ao pronto socorro do hospital Santa Catarina, em São Paulo, e fomos atendidos por um neurologista que logo pediu a internação de minha mãe, afirmando que ela não sairia de lá sem antes descobrirem o que de fato ela tem.
Inúmeros exames foram feitos e refeitos, e em uma ampliação da ressonância de crânio verificou-se um leve inchaço na meninge. Em seguida os médicos pediram exame do exame no líquor(*), e foi este exame que definiu o triste e cruel diagnóstico. Uma amostra do líquido foi extraída através de uma punção lombar. O procedimento foi muito simples, indolor, mas um pouco incômodo, principalmente porque depois o paciente deve necessariamente ficar em repouso. A aparência do líquor é cristalina, como a água, e o líquor de minha mãe estava ligeiramente amarelado, o que não era um bom sinal.
Feita a análise do líquor, verificou-se a existência de células aparentemente neoplásicas (células tumorais) e, como primeiro passo para confirmar o diagnóstico foi feita uma citologia para descartar bactérias, vírus e fungos. Nada foi encontrado.
O líquor lubrifica o sistema nervoso e as células tumorais vão se juntando aos nervos, sendo esta a causa da visão dupla, dos enjôos, da falta de equilíbrio e da confusão na mente de minha mãe.
Os médicos indicaram um corticóide que melhoraria os sintomas de minha mãe, até a confirmação do diagnóstico. Tal confirmação seria feita por um exame mais apurado do liquor, a imuno-histoquímica.
Enquanto isso, os médicos explicaram que as chances de um tumor iniciar no líquor são quase zero, pois não há praticamente nada no líquor, o que os leva a crer que há um sítio primário, ou seja, um tumor primário, sendo que as células tumorais já haviam se multiplicado, invadido a corrente sanguínea (processo de metástase), e se manifestado no líquor, acometendo o sistema nervoso.
Assim, os médicos requisitaram outro exame, o PET-CT (**), com o intuito de encontrarem algum tumor primário, mas já advertiram que não são raros os casos em que não se encontra o tumor primário.
Ao mesmo tempo aguardávamos o laudo da imuno-histoquímica que poderia indicar onde estava o tumor primário caso as células tivessem alguma característica específica.
Os médicos explicaram que células de câncer de mama são de um jeito, sistema gastrointestinal de outro, e assim por diante.
A imuno-histoquímica foi conclusiva para detectar que de fato se se tratavam de células neoplásicas e que aparentemente se tratavam de células do sistema gastrointestinal, e o PET-CT não trouxe nada, nenhum tumor foi encontrado.
Os médicos explicaram que se trata de um tumor oculto ou muito pequeno, que pode aparecer um dia, ou ainda de um tumor que apareceu e já foi embora. Não aparecendo nenhum tumor o tratamento seria quimioterapia intratecal, injetada diretamente e somente no líquor, inicialmente através de punção lombar e posteriormente através de um catéter a ser introduzido no cérebro, bem no local onde o líquor é produzido.
O prognóstico era gravíssimo e sem cura, pois existe uma grande dificuldade em tratar o sistema nervoso, conhecido pela medicina como santuário. Nosso corpo protege muito o sistema nervoso, o que dificulta a atuação de qualquer droga, por isso mesmo decidiu-se pela quimioterapia intratecal que atua diretamente; todavia, mesmo esta quimioterapia não é tão eficaz por não poder ser injetada em grande quantidade, justamente por se tratar do sistema nervoso. Os médicos disseram que não há cura e o diagnóstico ficou definido como carcinomatose meníngea de tumor primário desconhecido.






(*) líquido cefalorraquidiano (LCR), Fluido cerebrospinal, ou Líquor: é um fluido corporal estéril e de aparência clara que ocupa o espaço subaracnóideo no cérebro (espaço entre o crânio e o córtex cerebral—mais especificamente, entre as membranas aracnóide e pia-máter das meninges). É uma solução salina muito pura, pobre em proteínas e células, e age como um amortecedor para o córtex cerebral e a medula espinhal. Fonte: Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADquido_cefalorraquidiano
(**) O PET é uma técnica de imagens que revela as alterações no metabolismo celular por todo o corpo. Ela permite a detecção precoce de mínimas lesões tumorais ou novos focos da doença. Fonte: www. hcanc.org.br

Propósito

O propósito deste blog é o de relatar todos os acontecimentos relacionados ao câncer diagnosticado recentemente em minha mãe, com o propósito de contribuir de alguma forma com outras pessoas que passam por uma situação semelhante à nossa.

Tratarei de todos os acontecimentos, desde os primeiros sintomas, evolução da doença e tratamento que vem sendo dado. Espero contribuir de alguma forma com quem infelizmente também está passando por isso.